Uma revisão no motor da 164
Sempre me borrei de medo dos V6 da Alfa…. Mantive-me na segurança dos quatro cilindros por muito tempo até ser rendido pela estupidez do 3.0 V6 12v. Estupidez voraz, assombrosa, violenta, que transforma um seda grande numa máquina furiosa.
Comprei minha 164 em novembro de 2006 em São Paulo. Oitenta e poucos mil km – Originais – coisa a se enaltecer hoje em dia, afinal. Carro muito bem recomendado por mecânico de excelente reputação. Todo original. Rodou 8000 km a cada ano com manutenção preventiva toda registrada em planilha Excel.
Esses dias levei ao mecânico para trocar o óleo ele comentou, sem terrorismo, sem alarde, que estava batendo um tanto as válvulas em baixa e que o custo da regulagem era baixo se comparado ao risco de estragar os comandos com desgaste dos cames. Corri para o maravilhoso grupo Alfa Romeo BR, que em sua onisciência me confortou (ou me preocupou?) com a suprema verdade: sim, o comando gasta…
Detesto que mexam nas Alfas. Não gosto de deixá-las na oficina, sendo futricadas e violadas em lugares nunca dantes penetrados.. e pior: futricada e violada por um outro!….. Mas já que está no inferno, abrace o diabo. Dois dias depois pedi para aproveitar e abrir a parte de baixo também.
– Então fica mais fácil eu tirar o motor, Renato
O carro estava perfeito e lá estava eu querendo arrancar o motor fora, do nada? Loucura isso não?
Até agora o que descobrimos:
1- os retentores de válvula estavam bastante ressecados e quebradiços
2- os comandos de válvulas estão intactos
3- os sensores de detonação estão ressecados e quebradiços
4- há uma espécie de “gelatina” nas galerias de refrigeração entre as camisas, formando pontos de concentração de calor próximo às mesmas – além da limpeza do motor vamos proceder ao varetamento do radiador e revisão de todo o sistema. Foi uma surpresa encontrar essa quantidade de detritos devido à excelente aparência do fluido de refrigeração.
5- as velas já estavam no fim da sua vida útil (comprovada pela planilha do antigo proprietário)
6- A correia dentada, com menos de 30.000km, mas…. com mais de 2 anos de uso já está laceada (talvez tenha tido excesso de tensão) e aparência desanimadora
7- As juntas dos cabeçotes estavam em mal estado, carcomidas e corroídas, prontas para queimar em breve
8- As bronzinas estavam em fim de vida útil – era questão de tempo até uma rodar e comer o virabrequim
9- O virabrequim está intacto
O gasto agora, será apenas com peças de menor valor. Eu estou muito aliviado por ter feito essa loucura de abrir o motor assim… de graça. O motor foi muito bem cuidado, não fui ludibriado nem comprei gato por lebre, mas se levarmos em consideração que o carro tem 11 anos de uso (mesmo que relativo pouco uso) e quase 100.000km, não dá para esperar que tudo esteja como novo.
Se conselho fosse bom, a gente vendia ne? Mas se seu V6 está numa situação semelhante, pense com carinho em uma despesa que não é baixa, mas que pode garantir mais 100.000km com muita confiança.
Acha assustador? Lembre-se:
– Ok, voce pagou 15.000 nela, mas você anda num carro que valia US$50.000, a manutenção não deprecia junto com o carro.
– Velho e sábio ditado: o barato sai caro
– Estamos falando de um sedã de luxo italiano, de uma marca renomada
– Se não fosse o Alfa Romeo Br, caras como eu (e quem sabe você) jamais teriam coragem para ter um carrão desses
– Não só este grupo dirime qualquer duvida, como nos dá dicas e conhecimento para manter um carro surpreendentemente acessível para sua categoria e ainda com o menor custo possível.
– Menor custo possível não é custo de carro mil.
Em resumo: O Alfa Romeo BR é DEMAIS!!!!!!!